Do reconhecimento internacional ao abandono: UniverCemig se torna símbolo do sucateamento



Do reconhecimento internacional ao abandono: UniverCemig se torna símbolo do sucateamento

Douglas Melo, prefeito de Sete Lagoas, anunciou o início de tratativas para a instalação do Centro Administrativo do município no prédio da histórica Escolinha da Cemig, no bairro Jardim Arizona. A atitude acendeu um sinal de alerta entre os trabalhadores do setor elétrico e o Sindieletro-MG, nesta quarta-feira, 17.


Para aqueles que não lembram, vamos fazer um histórico sobre a Escolinha da Cemig, também conhecida como UniverCemig: criada em 1967, a UniverCemig tem papel central na capacitação de profissionais da Cemig e do setor elétrico mineiro, formando gerações de trabalhadores nas áreas de operação, manutenção, distribuição e transmissão de energia. Sempre foi um pilar para a segurança, eficiência e excelência no setor e tem reconhecimento internacional.

Contudo, nos últimos anos, a escola tem sido vítima de um desmonte deliberado: redução drástica do quadro de instrutores, diminuição da oferta de cursos, sucateamento da infraestrutura (com alojamentos e refeitórios em condições precárias) e abandono dos investimentos. Relatos apontam, inclusive, a formação de novos trabalhadores sem o preparo técnico necessário, o que aumenta os riscos de acidentes e compromete a segurança operacional.

Um exemplo trágico dessa negligência foi a morte de Gabriel Luciano da Silva Barbosa, em 2023. Com apenas 10 meses de atuação e sem a formação adequada, o jovem trabalhador faleceu em um acidente elétrico que poderia ter sido evitado, caso tivesse tido acesso à devida qualificação profissional. Sendo assim, a tentativa de transferir a estrutura da UniverCemig para abrigar a sede da Prefeitura de Sete Lagoas é vista pelo Sindieletro como uma agressão à história da formação técnica no estado e uma ameaça concreta à segurança dos trabalhadores e da população. Além disso, a medida reforça os indícios de uma estratégia de desmonte da Cemig como preparação para sua privatização, um modelo que prioriza interesses de mercado, e não o bem público.

O Sindicato denuncia que, longe de ser apenas uma mudança de endereço, a transferência da Escolinha representa a descontinuidade de uma política pública de formação essencial para o setor elétrico mineiro. E alerta: a qualidade da energia fornecida à população está diretamente ligada à capacitação dos trabalhadores que atuam em campo.